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De bem com a família e a escola - Santander

De bem com a família e a escola

Em uma instituição histórica, crianças e adolescentes encontram muitas formas de testar habilidades, encontrar sua vocação e superar a situação de risco social em que se encontram

02/01/2020
Fotos: Divulgação / Inspetoria São João Bosco

Em quatro anos, Priscilla Pilar Gomes, de 13 anos, deixou para trás a timidez e a insegurança. Aprendeu a falar firme, descobriu ser comunicativa e a gostar de transmitir aos outros como é possível melhorar e se tornar um exemplo para outras crianças e adolescentes que vivem uma vida tão precária quanto a dela em Pará de Minas (MG). 

Agora, a adolescente conta com orgulho que foi promovida a monitora na oficina de artes. Antes, era encarregada de receber os familiares e visitantes e “fazer sala” a eles enquanto esperavam. “Pra mim, cheguei numa posição muito alta”, fala, ainda com uma ponta de surpresa. Mesmo novinha, tornou-se o braço direito dos educadores, conta Ana Paula Auxiliadora Carvalho, coordenadora do projeto Um Mundo Melhor em Nossas Mãos, executado pela Inspetoria São João Bosco, dos Salesianos. Na grande instituição construída na cidade há mais de 70 anos, Priscila descobriu que há um caminho muito diferente daquele a que parecia estar destinada. 

De acordo com Ana Paula, a jovem “vem de uma situação vulnerável, de um bairro afastado, degradado e que sofre com o tráfico”. Essa é a realidade da maioria das 200 crianças e adolescentes atendidas atualmente pelo projeto. “Com os recursos do Amigo de Valor da campanha de 2018, conseguimos diminuir a fila de espera e fornecer o atendimento de uma equipe multidisciplinar para esse público”, explica a coordenadora. Famílias e crianças passaram a contar com rodas de conversa, oficinas socioeducativas e apoio psicossocial.

Além de pagamento de salários, encargos e benefícios da equipe envolvida com o projeto, o recurso que chega pelo Amigo de Valor também cobre a compra de uniformes, material didático, treinamento da equipe, pagamento de água, reformas, transporte diário para as crianças do projeto, além de outros investimentos importantes para o andamento das atividades.

De volta à escola

O projeto recebe beneficiários entre 7 e 17 anos. Além da idade, a instituição estabelece como critério para entrada a frequência escolar e a situação de vulnerabilidade social familiar. “Evasão e baixa frequência escolar, brigas e violência contra a criança são os problemas mais frequentes que encontramos”, diz a instrutora Alcione Franco Navarro. Essas são as situações a que a instituição mais se dedica, como forma de prevenir a quebra dos vínculos familiares e garantir os direitos das crianças. “Conseguimos resgatar o convívio fragilizado dos adolescentes com a família e a comunidade e despertar o interesse pela vida escolar.” Para isso, a Inspetoria tem parcerias com a Prefeitura e com a rede de proteção do município.

Responsável pelo contato com as famílias, Alcione conversa regularmente por telefone com os pais para saber como vai a evolução da criança em casa. Ela também convida a família a visitar a instituição para conhecer como o projeto funciona e o que seus filhos aprendem. Duas vezes por ano, há um grande encontro para as crianças mostrarem aos pais e à comunidade as habilidades que conquistaram. “As famílias ficam agradecidas quando conseguimos que a criança ou adolescente retome a vida escolar,” conta Alcione.

Despertar vocações

No contraturno escolar, a rotina na instituição é intensa. “Damos pequenas responsabilidades aos meninos e meninas, como atender telefone, ajudar no refeitório”, explica a coordenadora. Quando chegam e antes de ir embora, todos fazem as refeições. Mas os olhos da meninada brilham mais quando chega a hora das oficinas socioeducativas de esportes, judô, capoeira, música, culinária, artes e informática. Para os maiores de 14 anos, a instituição oferece preparação para o primeiro emprego e para o mercado de trabalho.

Os resultados da oficina de judô, por exemplo, demonstram como é possível fortalecer o protagonismo juvenil e gerar impacto na sociedade. “Temos dois campeões brasileiros de judô”, diz Ana Paula. “Nossa intenção não é formar grandes atletas, mas isso acontece porque conseguimos despertar vocações.” Entre os adolescentes mais velhos, 45 dos que passaram pelos cursos profissionalizantes estão empregados.

Alguns beneficiários se tornaram educadores e permanecem na instituição, formando um ciclo virtuoso. “Fui educanda aqui”, conta a coordenadora Ana Paula. “O trabalho da instituição me deu a oportunidade de me formar em Pedagogia, depois em Psicopedagogia.”

Agora na 8º série, Priscila parece seguir os mesmos passos, com a recém-descoberta habilidade de educadora. “No projeto, fui acolhida com carinho e aprendi muitos valores, como a respeitar o próximo. Pude aprender tanta coisa nova.” E conclui com uma sabedoria precoce: “É um lugar em que a gente conhece o que é a vida.”