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Lar Maná - Santander

Ganhando força para superar os maus-tratos e recomeçar

Em Paulista (PE), o Lar Maná promove a reinserção familiar e comunitária de crianças e adolescentes vítimas de abuso e violência

O estudo e o amor. Essas são as duas coisas que melhoraram em sua vida, diz Kauany, depois que ela passou a fazer parte da família de Pablo Alcides do Carmo e Ângela Francisca do Nascimento, que moram na cidade de Moreno, na região metropolitana do Recife (PE). Seu irmão Kauã, adotado junto com ela pelo mesmo casal, manifesta seu grande desejo: passar o resto da vida ao lado dos pais adotivos. Kauã, até pouco tempo atrás, se chamava Ariel. E Kauany era Kauane. A troca de nomes, escolhidos por eles, marcou simbolicamente o recomeço de suas vidas. Com pais dependentes químicos e denunciados sistematicamente por negligência, eles e duas outras irmãs, Yasmin e Layse, passaram por muitas idas e vindas em casas de acolhimento.

Em 2014, os quatro chegaram ao Lar Maná, que atua há quase dez anos na cidade de Paulista (PE), também na mesorregião do Recife. A instituição recebe crianças e adolescentes de zero a doze anos, vítimas de violência física e psicológica, maus-tratos, negligência e abuso sexual, encaminhados pela Vara da Infância e Juventude e pelo Conselho Tutelar do município. Ao chegarem ali, reconquistam os direitos básicos que lhes foram negados anteriormente. Moram em um lugar digno, frequentam a escola, são bem alimentados, recebem cuidados de saúde e se divertem, como toda criança deve fazer. Durante o período em que permanecem acolhidos, recebem tratamento psicoterapêutico e participam de oficinas temáticas realizadas pela esquipe, que inclui assistente social, psicóloga e psicopedagoga. E desfrutam momentos de recreação e lazer em parques, cinemas e museus.

Destaque

"O que fazemos é resgatar a confiança, a segurança e a oportunidade de as crianças serem amadas. "

Ana Valéria Sande

Diretora executiva do Lar Maná

Voltar a sorrir, brincar e crescer

A continuidade desse trabalho estava ameaçada pela falta de recursos e foi aí que o Amigo de Valor entrou na história. “Estávamos em um momento crítico, prestes a fechar as portas”, conta Ana Valéria. Construída em um sítio na área rural, sua estrutura é formada por quatro casas sociais, cada uma com três quartos, três banheiros, uma cozinha, sala de estar, despensa e área de serviço. Possui, ainda, biblioteca, sala de recreação, salas de atendimento e de oficinas, refeitório, cozinha, parque infantil, piscinas, quadra de futebol e voleibol e outros espaços.   Com os recursos destinados por meio do Amigo de Valor, a instituição conseguiu bancar, ao longo do ano, os salários das educadoras sociais, assistente administrativo e psicopedagoga. Adquiriu refrigeradores, freezers, fogões, máquinas de lavar, aparelhos ar condicionado, um carro utilitário e uma moto para facilitar o acesso à sua sede, já que não há transporte público nas proximidades. Também treinou sua equipe, fez manutenção nas instalações e comprou materiais pedagógicos, de limpeza e higiene. “O Lar Maná renasceu após esse aporte”, diz Ana Valéria. “Ele permitiu que nossas crianças voltassem a sorrir, brincar e crescer.”

Em busca de um lar definitivo

O foco da instituição é prover afeto e atenção até que as crianças sejam reinseridas em suas famílias estendidas (avós, tios) ou em famílias substitutas, por meio da adoção. Desde que o Lar Maná começou a funcionar, em 2010, 109 crianças voltaram a morar com familiares e 52 foram adotadas. Hoje, 36 meninos e meninas vivem ali, aguardando a sua vez de terem um lar definitivo. O que não falta é esforço para que isso aconteça. “Somos os guardiões das crianças que são enviadas pelos Conselhos Tutelares de Paulista. A gente cuida e as prepara para a reintegração ou adoção, sob responsabilidade da Vara de Infância e Juventude de nossa comarca”, explica a diretora.

Kauany e Kauã tiveram a sorte de encontrar sua família em 2018, quando tinham, respectivamente, oito e onze anos. Pablo e Ângela iriam adotar, inicialmente, o menino. Mas, durante a primeira visita, souberam que ele tinha uma irmã. A emoção falou mais forte e ficaram com os dois. As outras duas irmãs, Layse e Yasmin, já haviam sido adotadas. Como os irmãos, várias outras crianças com vínculos familiares fragilizados têm encontrado um futuro melhor. A pequena Larissa*, por exemplo, chegou ao Lar Maná com quatro meses. Apresentava problemas gástricos, o braço quebrado, um quadro de desnutrição, o corpo queimado por cigarro e ferido por objeto pontiagudo. Seus agressores eram os próprios pais, usuários de drogas. “Aqui, ela adquiriu a segurança que necessitava para crescer e se desenvolveu muito bem. Tornou-se uma criança sadia, esperta e alegre”. Com menos de um ano e meio, Larissa foi adotada por um casal da cidade, com quem vive feliz e bem cuidada.

*O nome foi trocado para preservar a identidade da menina.