Realizar investimentos no exterior significa aplicar em produtos do mercado financeiro que vinculem seu patrimônio a ativos ou estratégias fora do Brasil. Quem compra ETFs ou BDRs, por exemplo, está investindo indiretamente fora do país.
Quando a renda fixa apresenta retornos atrativos no Brasil ou a bolsa de valores nacional enfrenta momentos de tendência de baixa, os investidores voltam a olhar com atenção para os investimentos no exterior e a construção de patrimônio fora do país.
Em um mundo globalizado, limitar seu patrimônio apenas às fronteiras nacionais pode significar a perda de oportunidades. A diversificação internacional não é mais um luxo, mas uma estratégia acessível.
Neste artigo, você vai entender como investir no exterior, quais ativos vinculam o seu patrimônio a empresas ou fundos de investimento estrangeiros e quais são as opções disponíveis.
Por que investir no exterior?
Entre os principais motivos para investir fora do Brasil, podemos destacar:
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Diversificação geográfica: a ideia é distribuir o risco da sua carteira de investimentos em mais de um país.
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Acesso a empresas globais: você pode investir nas maiores marcas do mundo e empresas reconhecidas internacionalmente. Pense em gigantes de tecnologia, como Apple, Google, Nvidia ou setores com pouca representatividade na B3, como biotecnologia e entretenimento de ponta.
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Exposição ao euro ou dólar: com essas empresas, você se torna acionista de companhias que geram receitas em euro ou dólar, moedas consideradas fortes no cenário global.
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Recebimento de dividendos: dos lucros que as empresas geram, você também recebe os proventos pagos proporcionalmente às suas ações.
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Facilidade: você pode fazer tudo na sua corretora brasileira, sem precisar abrir novas contas no exterior.
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Mitigação do risco-Brasil: você ganha um mecanismo de defesa contra o cenário de incerteza brasileiro, seja ele gerado pela política ou pela economia.
Além disso, você também tem acesso a bolsas de valores que historicamente podem apresentar valorizações diferentes da B3.
Atualmente, há também a vantagem de fazer tudo pela internet, sem burocracia e sem sair de casa, contando com mais praticidade.
Quais são os riscos de investir no exterior?
Apesar de ter diversas vantagens, investir fora do Brasil também traz alguns riscos que são importantes de monitorar. Veja a seguir.
Risco cambial
Esse é o principal ponto de atenção. A variação do dólar ou do euro afeta diretamente seus investimentos.
Se o real se valorizar, ou seja, se o dólar cair, a rentabilidade dos seus ativos lá fora, quando convertida, será menor.
Risco geopolítico e regulatório
Cada país tem suas próprias leis, estabilidade política e regras de mercado.
Mudanças regulatórias, novas tributações ou instabilidade política em um país podem afetar o desempenho dos ativos.
Risco de mercado (volatilidade)
Assim como a B3, os mercados internacionais também sobem e descem.
O S&P 500 ou a Nasdaq, por exemplo, também passam por períodos de baixa que afetam o valor dos ativos.
Como investir no exterior morando no Brasil?
Agora que você já conhece as vantagens e os riscos, vamos abordar quais são os principais meios de investir no exterior, mesmo que você esteja no Brasil.
Existem basicamente duas formas: a indireta, via B3, e a direta, abrindo conta em uma corretora fora do país.
1. Investimento indireto pela bolsa brasileira
Para quem já possui uma carteira de ações de empresas brasileiras ou mesmo quem está começando a investir agora, esta é a alternativa mais simples.
Basta utilizar uma conta em uma corretora brasileira para comprar ativos listados na B3. Entre eles, podemos citar:
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BDRs (Brazilian Depositary Receipts): os BDRs são recibos pelos quais o investidor local pode ter acesso ao investimento a grandes empresas estrangeiras. Na prática, uma instituição depositária compra as ações lá fora (como da Apple) e emite esses recibos aqui no Brasil, lastreados nessas ações.
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ETFs (Exchange Traded Funds): são fundos de índice negociados em bolsa. Eles visam acompanhar o desempenho de um determinado índice, tais como o S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas dos EUA, ou o Nasdaq, mais focado em tecnologia.
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BDRs de ETFs: são ativos de renda variável que possibilitam ao investidor brasileiro o investimento indireto em ETFs que seguem a performance de índices de ações no exterior, que vão além dos Estados Unidos.
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Fundos de investimento: alguns fundos nacionais já traçam estratégias especiais de alocação do patrimônio dos cotistas em ativos estrangeiros, sejam eles BDRs, ETFs ou investimentos diretos no exterior.
2. Investimento direto abrindo conta no exterior
Outra forma é abrir conta diretamente em uma corretora internacional.
Hoje, muitas corretoras brasileiras já oferecem plataformas que facilitam essa abertura de conta, permitindo enviar reais e convertê-los em dólar para comprar ações, ETFs e outros ativos diretamente nas bolsas americanas.
Contudo, abrir conta em uma corretora fora do país pode ser um processo mais burocrático e complicado.
Qual é o melhor país para investir?
Não há um "melhor país para investir" que se aplique universalmente, pois as condições de investimento dependem de vários fatores, incluindo objetivos financeiros, tolerância ao risco e horizonte de investimento.
Além disso, as condições econômicas podem mudar ao longo do tempo.
No entanto, alguns investidores consideram países com economias desenvolvidas e mercados financeiros sólidos como opções mais atrativas.
Estados Unidos, Alemanha, Japão e Canadá são exemplos de países com mercados financeiros robustos e com mais chances de estabilidade econômica.
Outros investidores podem buscar oportunidades em mercados emergentes, como China e Índia, onde o potencial de crescimento pode ser maior, mas com níveis geralmente mais elevados de volatilidade e risco.
Inclusive, a diversificação é uma estratégia comum para mitigar riscos, distribuindo investimentos em diferentes regiões e classes de ativos.
Antes de decidir onde investir, é importante fazer uma análise cuidadosa, considerando fatores econômicos, políticos e sociais específicos de cada país.
Além disso, consultar assessores de investimentos pode ser uma ótima opção para ajudar você a conquistar bons resultados nas suas metas.
Como fica a tributação de investimentos no exterior?
A tributação de investimentos no exterior é um ponto importante e varia dependendo do tipo de investimento.
Vamos focar nos BDRs e ETFs internacionais negociados na B3, que são os mais comuns.
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Ganhos de capital (lucro na venda): há incidência de Imposto de Renda sobre o lucro. A alíquota é de 15% para operações de swing trade (compra e venda em dias diferentes) e 20% para day trade.
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Sem isenção: diferentemente das ações brasileiras, os BDRs e ETFs não possuem a isenção de Imposto de Renda para vendas totais abaixo de R$ 20.000 no mês. Qualquer lucro na venda é tributado.
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Dividendos recebidos de BDRs: os dividendos recebidos de BDRs são considerados rendimentos recebidos do exterior. Eles são pagos já descontados os impostos do país de origem (nos EUA, por exemplo, 30% na fonte), mas, no Brasil, devem ser declarados e são tributados pela tabela progressiva do IR - a mesma do salário - , via Carnê-Leão.
Além disso, é importante considerar a obrigatoriedade de declarar todos esses investimentos na sua declaração anual de Imposto de Renda.
Perguntas frequentes sobre investimentos no exterior
Ainda restam dúvidas sobre como investir fora do Brasil? Então veja quais são as perguntas mais comuns relacionadas a esse tema.
O que é o "Risco-Brasil"?
É um termo usado para medir a incerteza percebida pelos investidores em relação à economia e à política brasileira.
Quando o "Risco-Brasil" está alto, investidores tendem a retirar dinheiro do país, desvalorizando o real e a bolsa.
Qual o valor mínimo para investir no exterior?
Não há um valor mínimo fixo.
Pela B3, é possível comprar BDRs ou cotas de ETFs com valores muito acessíveis, muitas vezes com menos de R$ 100, permitindo que até o pequeno investidor possa diversificar internacionalmente.
Quanto da minha carteira devo alocar no exterior?
Não existe um percentual único. Isso depende do seu perfil de risco, objetivos e do cenário econômico. Essa decisão deve ser tomada com auxílio profissional.
Como vimos até aqui, é fundamental diversificar seus investimentos e contar com diferentes possibilidades para valorizar a sua carteira.
Contudo, antes de decidir onde investir no exterior, é importante fazer uma análise cuidadosa, considerando fatores econômicos, políticos e sociais específicos de cada país.
Então, se tiver alguma dúvida de onde investir ou como criar estratégias com investimentos no exterior, entre em contato com um assessor de investimentos ou o gerente da sua conta Santander para mais esclarecimentos.
Importante: os instrumentos financeiros discutidos neste material podem não ser adequados para todos os investidores. Este material não leva em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Qualquer informação contemplada neste material deve ser confirmada quanto às suas condições, antes da conclusão de qualquer negócio. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. O Banco Santander (Brasil) S. A. (“Banco Santander”) não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo.