Quando falamos de investimentos focados na aposentadoria, os títulos do Tesouro Direto de longo prazo e os planos de previdência privada estão entre os mais lembrados e procurados do mercado.
De acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), os planos de previdência estão em crescimento no Brasil.
Em 2024, foram arrecadados R$196,1 bilhões em planos de previdência privada aberta no país, valor 15,3% acima do acumulado no ano anterior.
Essa popularidade levanta uma dúvida comum: qual caminho oferece as melhores condições para construir uma aposentadoria mais tranquila?
Neste artigo, vamos explicar as diferenças entre investir em previdência privada ou Tesouro Direto. Conheça os riscos, a rentabilidade, as vantagens, os custos e qual se adequa ao seu perfil de investidor.
O que é a previdência privada?
Os planos de previdência privada são popularmente conhecidos como uma "aposentadoria particular" e tem como finalidade complementar a Previdência Oficial, concedida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ou seja, uma forma de economizar dinheiro para ter uma renda no futuro como complemento para a previdência social, paga pelo governo.
Esses planos são oferecidos, geralmente, por seguradoras e bancos. Funciona da seguinte maneira: você define o valor desejado para receber na aposentadoria e, todos os meses, aporta no seu plano.
Ao final do período de acumulação, você escolhe como quer receber o que construiu, seja por meio de resgates periódicos, renda vitalícia ou todo o montante de uma vez.
Tipos de planos de previdência privada: PGBL e VGBL
A principal diferença entre os planos de previdência privada está na forma como o Imposto de Renda (IR) é tratado. Temos, portanto, o PGBL e o VGBL.
Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)
Nesta modalidade, os aportes mensais podem ser deduzidos no ajuste anual de Imposto de Renda até o limite de 12% da sua renda bruta anual tributável.
Para isso, você precisa fazer a declaração completa de IR e também contribuir para a previdência social (INSS).
No momento do resgate, o imposto incidirá sobre o valor total acumulado, isto é, o principal mais os rendimentos.
Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)
O VGBL não permite a dedução dos aportes na declaração de IR. Normalmente é utilizado por quem utiliza o modelo simplificado da declaração do Imposto de Renda ou aplica mais de 12% da renda anual tributável no plano de previdência.
Sua grande vantagem é que, no resgate, o Imposto de Renda incide apenas sobre os rendimentos das aplicações no plano.
Tipos de tributação
Existem duas possibilidades de tributação, que valem tanto para o PGBL quanto para o VGBL:
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Tabela regressiva: ideal para o longo prazo, as alíquotas do IR diminuem com o tempo. Começam em 35% para resgates em até 2 anos e chegam a apenas 10% para aplicações com mais de 10 anos.
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Tabela progressiva: as alíquotas seguem a mesma lógica do imposto sobre salários, variando de 0% a 27,5%, de acordo com o valor resgatado por ano.
Quais são as vantagens da previdência privada?
Além de ser uma forma de planejar o futuro, a previdência privada possui algumas vantagens, como:
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Vantagem fiscal: permite o abatimento no Imposto de Renda para quem opta pelo PGBL.
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Planejamento sucessório: em caso de falecimento do titular, o valor é repassado aos beneficiários de forma rápida, sem a necessidade de passar por inventário.
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Portabilidade: você pode transferir seus recursos de um plano para outro ou de uma instituição para outra, sem custos ou pagamento de impostos, buscando melhores taxas e rentabilidade.
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Disciplina: por ser um compromisso de longo prazo, ajuda a criar o hábito de poupar para a aposentadoria.
Quais são os custos e riscos da previdência privada?
É fundamental se atentar aos custos envolvidos, que podem impactar a rentabilidade final. Entre eles, podemos citar:
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Taxa de administração: percentual anual cobrado pela gestão do fundo de previdência.
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Taxa de carregamento: um percentual que pode incidir sobre cada depósito (carregamento de entrada) ou no momento do resgate (carregamento de saída). Muitas instituições já não cobram essa taxa.
Quanto aos riscos, eles dependem da composição do fundo de previdência escolhido, que pode ser mais conservador, com foco em renda fixa, ou arrojado, com exposição à renda variável.
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional do Brasil que permite a compra de títulos públicos por pessoas físicas. Ao investir, você empresta seu dinheiro ao governo em troca de uma remuneração por juros.
Existem diferentes tipos de títulos, cada um com uma forma de rendimento específica:
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Tesouro prefixado: você sabe exatamente quanto vai receber no vencimento do título.
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Tesouro Selic: sua rentabilidade acompanha a taxa básica de juros, a Selic. Normalmente utilizado para reserva de emergência por ter baixa volatilidade.
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Tesouro IPCA+: protege seu dinheiro da inflação, pois rende a variação do IPCA mais uma taxa prefixada. É o mais indicado para objetivos a longo prazo.
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Tesouro RendA+: similar ao IPCA+, mas o pagamento é convertido em 240 parcelas mensais (20 anos) após o vencimento, simulando uma aposentadoria.
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Tesouro Educa+: focado em custear a educação, o pagamento é recebido em 60 parcelas mensais (5 anos) após a data de vencimento.
Quais são as vantagens do Tesouro Direto?
Os títulos públicos são muito procurados por oferecerem uma combinação única de benefícios:
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Menor risco: são considerados os investimentos de menor risco do mercado, pois são garantidos pelo Tesouro Nacional.
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Proteção contra a inflação: os títulos atrelados ao IPCA podem fazer com que o seu poder de compra seja mantido ao longo do tempo.
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Liquidez: embora o foco seja o longo prazo, é possível resgatar o dinheiro antes do vencimento. O Tesouro Selic, por exemplo, possui liquidez diária.
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Facilidade: os investimentos podem ser feitos de modo digital e com aportes a partir de R$30,00.
Custos e riscos do Tesouro Direto
Os custos do Tesouro Direto são geralmente mais baixos.
Há a taxa de custódia, cobrada pela Bolsa de Valores, no valor de 0,20% ao ano sobre o montante investido. Contudo, há isenção para o Tesouro Selic até R$10.000.
Algumas corretoras também podem cobrar taxas de corretagem e o IOF pode incidir em resgates feitos em até 30 dias.
O principal risco do Tesouro Direto é a marcação a mercado. Se você vender um título prefixado ou IPCA+ antes do vencimento, o preço de venda dependerá das condições do mercado no momento, o que pode gerar lucro ou prejuízo.
Quais as diferenças entre previdência privada e Tesouro Direto?
Para facilitar o seu entendimento, organizamos as principais diferenças entre esses investimentos em uma tabela. Veja a seguir:
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Característica |
Previdência Privada |
Tesouro Direto (foco em aposentadoria) |
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Rentabilidade |
Varia conforme o fundo (renda Fixa, multimercado, ações). |
Geralmente Tesouro IPCA+, que rende inflação + taxa real. |
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Custos |
Taxa de administração e, eventualmente, taxa de carregamento. |
Taxa de custódia da B3 (0,20% a.a.) e taxa da corretora. |
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Tributação (IR) |
Tabela regressiva (10% após 10 anos) ou progressiva. |
Tabela regressiva padrão (15% após 2 anos). |
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Benefício fiscal |
Permite dedução de até 12% da renda no PGBL. |
Não possui benefício de dedução no IR. |
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Liquidez |
Menor. Resgates podem ter carência e tributação elevada no curto prazo. |
Maior. É possível vender os títulos antes do vencimento (sujeito à marcação a mercado). |
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Risco |
Varia com a estratégia do fundo. Risco de crédito da gestora. |
Risco soberano (o mais baixo do país). Risco de marcação a mercado. |
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Sucessão |
Não entra em inventário, facilitando a transferência para beneficiários. |
Entra em inventário, seguindo as regras de herança. |
Como escolher entre previdência privada e Tesouro Direto?
Não existe uma resposta única, pois a decisão dependerá dos seus objetivos, perfil e planejamento financeiro.
Considere a previdência privada se você:
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Deseja benefício fiscal e faz a declaração completa do IR (modelo PGBL).
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Busca uma ferramenta de planejamento sucessório.
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Quer diversificar em fundos geridos por profissionais e pode manter o dinheiro aplicado por mais de 10 anos para aproveitar a alíquota mínima de IR.
O Tesouro Direto pode ser mais vantajoso se você:
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Prioriza mais segurança e custos mais baixos.
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Quer obter um ganho real acima da inflação com o Tesouro IPCA+.
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Faz a declaração simplificada do IR ou já atingiu o limite de dedução do PGBL.
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Deseja ter mais flexibilidade para resgatar o dinheiro no médio prazo, se necessário.
Lembre-se que investir em um não exclui o outro. O mais recomendado é construir uma carteira diversificada, alinhada aos seus objetivos.
Por fim, se tiver alguma dúvida de onde investir ou como criar estratégias com a previdência privada ou Tesouro Direto, consulte um Assessor de Investimentos ou o gerente da sua conta Santander para mais esclarecimentos.
Importante: os instrumentos financeiros discutidos neste material podem não ser adequados para todos os investidores. Este material não leva em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Qualquer informação contemplada neste material deve ser confirmada quanto às suas condições, antes da conclusão de qualquer negócio. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. O Banco Santander (Brasil) S. A. (“Banco Santander”) não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo.